sexta-feira, 19 de outubro de 2007

SÓ DÊ OUVIDOS A QUEM TE AMA...

Depois de passar por todo período de inverno que passamos, hoje eu enxergo o ministério nesse texto. E tenho que dar o braço a torcer: o inverno ainda não passou. Mas, ainda assim, há indícios de primavera! Tem gente querendo impedir o desabrochar das flores. Mas não tem jeito: Deus é o agricultor maior, dono dos jardins. É Ele quem decide a hora exata de florir. Esse texto do Pe. Fábio vai para os membros do ministério Maranatha, em especial. Creio que este já foi lido e ruminado pela maioria, senão por todos; mas nunca é demais rever essa obra-prima de cabeceira. Puxa! A verdade que nos salva é essa: ainda bem que nossa salvação depende de Deus e não do que as pessoas acham da gente! Paz e bem!



Marianne




"Só dê ouvidos a quem te ama. Outras opiniões, se não fundamentadas no amor, podem representar perigo. Tem gente que vive dando palpite na vida dos outros. O faz porque não é capaz de viver bem a sua própria vida. É especialista em receitas mágicas de felicidade, de realização, mas quando precisa fazer a receita dar certo na sua própria história, fracassa. Tem gente que gosta de fazer da vida alheia à pauta principal de seus assuntos. Tem solução para todos os problemas da humanidade, menos para os seus. Dá conselhos, propõe soluções, articula, multiplica, subtrai, faz de tudo para que o outro faça o que ele quer. Só dê ouvidos a quem te ama, repito. Cuidado com as acusações de quem não te conhece. Não coloque sua atenção em frases que te acusam injustamente. Há muitos que vão feridos pela vida porque não souberam esquecer os insultos maldosos. Prenderam a atenção nas palavras agressivas e acreditaram no conteúdo mentiroso delas.Há muitos que carregam o fardo permanente da irrealização porque não se tornaram capazes de esquecer a palavra maldita, o insulto agressor. Por isso repito: só dê ouvidos a quem te ama. Não se ocupe demais com as opiniões de pessoas estranhas. Só a cumplicidade e conhecimento mútuo pode autorizar alguém a dizer alguma coisa a respeito do outro.Ando pensando no poder das palavras. Há palavras que bendizem, outras que maldizem. Descubro cada vez mais que Jesus era especialista em palavras benditas. Quero ser também. Além de bendizer com a palavra, Ele também era capaz de fazer esquecer a palavra que amaldiçoou. Evangelizar consiste em fazer o outro esquecer o que nele não presta, e que a palavra maldita insiste em lembrar. Quero viver para fazer esquecer... Queira também. Nem sempre eu consigo, mas eu não desisto. Não desista também. Há mais beleza em construir que destruir.Repito: só dê ouvidos a quem te ama. Tudo mais é palavra perdida, sem alvo e sem motivo santo. Só mais uma coisa. Não te preocupes tanto com o que acham de ti. Quem geralmente acha não achou nem sabe ver a beleza dos avessos que nem sempre tu revelas. O que te salva não é o que os outros andam achando... mas é o que Deus sabe a teu respeito."



Pe. Fábio de Melo

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

FORMAÇÃO

Olá irmão e irmãs no Senhor Jesus!!!
Estou c esse materia de formação da RCC com o titulo "arte e poder' e estarei dispondo aqui no blog uma vez por semana,assim dá tempo pra todos estudarem.É pequeno,porém com grande intenssidade...Deus nos abençoe

PRÓLOGO
Ao entardecer, quando o sol já iniciava seu movimento para se esconder por trás das colinas, o Sumo Sacerdote reunia toda a família na sala de sua casa e iniciava um dos rituais mais dramáticos da religião de Moisés[1].

Paramentado com suas vestes mais solenes e com uma expressão grave no rosto ele olhava nos olhos de cada filho e cada filha e dizia com profundo respeito na voz:

“Meu filho, minha filha, o Senhor está me chamando, eu não sei se volto para vocês”.

Com os olhos fitos em sua esposa e segurando suas mãos, pronunciava as mesmas palavras cheias de temor e mistério. Em seguida dava as costas para todas as coisas mais importantes de sua vida e se dirigia ao pátio interno do Grande Templo de Salomão, onde os seus irmãos no sacerdócio o aguardavam para uma longa noite de vigília e orações.

Isso acontecia uma vez por ano, por ocasião da grande adoração junto aos tabernáculos do Senhor. Era somente neste dia que o Sumo Sacerdote tinha a missão de ultrapassar o véu do templo e oficiar as orações de todo o povo na presença do próprio Santo dos Santos. A convicção de que o poder do Altíssimo de fato residia ali naquele altar era tão forte que a antiga tradição prescrevia essa despedida solene das coisas do mundo, pois a simples contemplação da glória do Senhor poderia acabar com a vida de qualquer mortal que com ela entrasse em contato.
[2]

Durante toda a noite os demais sacerdotes do templo fariam um rigoroso revezamento na leitura das Escrituras, enquanto o Sumo Sacerdote apenas escutaria atentamente, orando em seu interior para que Iaweh mantivesse puro o seu coração.

Com o despertar da aurora, aos primeiros raios de sol, o Sumo Sacerdote erguia-se silenciosamente e se desfazia de suas vestes solenes, permanecendo apenas com uma túnica virgem de linho branco, o símbolo dos puros de coração.
[3] Era trazido, então, um cordeiro primogênito perfeito, sem mancha alguma, e o sacerdote, fazendo uso de uma adaga cerimonial, sangrava o animal sobre o altar dos sacrifícios, ainda no pátio exterior do Templo. A carne no cordeiro era queimada enquanto o Sumo Sacerdote se aspergia com seu sangue. Esse era o momento mais importante do ritual de admissão.

Se nenhum ser vivo poderia contemplar a glória de Deus e permanecer intacto, então o homem “se revestia” da morte do cordeiro, obtendo, por meio do sacrifício de sangue, permissão para entrar na Presença do Senhor!


Marcado pelo sangue do cordeiro sem mancha, o Sumo Sacerdote se dirigia às Portas Sagradas do Templo, percorria o grande salão totalmente revestido de ouro em direção aos seus átrios e parava defronte ao grande véu
[4] do Santo dos Santos, onde repousavam as Tábuas da Lei, a própria Voz de Deus. Após um longo período de incensação e orações, ele finalmente adentrava na presença do Santíssimo, onde permaneceria na mais completa adoração durante todo o dia, até o cair da tarde.

* * *

A Carta de São Paulo aos Hebreus
[5] resgata todo esse ritual do Antigo Testamento para nos fazer ver que tudo aquilo era uma prefiguração da Obra Perfeita de Salvação que Deus havia planejado desde o princípio dos tempos e que levaria a cabo por meio da morte sangrenta de seu próprio filho Jesus.

De fato, o Evangelho de Mateus nos lembra que, quando o Senhor expirou naquela cruz de madeira, um verdadeiro altar de holocausto, naquele exato momento o mesmo véu de linho retorcido do Templo rasgou-se de alto a baixo de uma só vez. Jesus, o Cordeiro Definitivo imolado por nossa causa, derramou até a última gota de seu precioso Sangue para que o ritual simbólico do Antigo Testamento fosse transformado de uma vez por todas na mais poderosa realidade do universo: Deus nos quer em Sua Casa!

Desde então já não é apenas um Sumo Sacerdote que pode ultrapassar o véu do Santo dos Santos para passar apenas um dia ao lado do Senhor. O véu partido nos prova que, se verdadeiramente banhados no Sangue do Cordeiro, somos todos admitidos em Sua Casa, somos todos convidados à Sua Presença, não para permanecer apenas um dia, mas durante toda a nossa vida e até os confins dos tempos.

* * *

Mas se é tudo assim tão maravilhoso, por quê tantas pessoas ainda vivem distantes de Deus ou recorrendo a “outros sacerdócios” para se sentirem um pouco mais próximas a “algo maior”?

A resposta é ao mesmo tempo simples e desafiadora:
a messe precisa de operários.
Os filhos de Deus precisam de sinais e de guias em seu caminho rumo ao Santo dos Santos!

* * *

Nessas páginas veremos que Deus está em ação. Ele constituiu para Si uma Arte Sagrada e escolheu dentre muitos os Seus ministros, pecadores comuns, mas que mergulhados agora em Sua Misericórdia infinita, são convocados a assumir o sacerdócio da beleza divina para que Seu povo seja introduzido de uma vez por todas nos aposentos reais de seu Senhor.

São cantores, compositores, instrumentistas, dançarinos, atores, escritores, pintores, desenhistas... artistas, enfim, que, revestidos de ornamentos sagrados e com força de profecia em sua Arte, receberam a maravilhosa missão de assombrar a humanidade com uma beleza nova e poderosa, uma beleza que arde nas chamas do próprio Espírito Santo e que insiste em fazer ressoar aos ouvidos de tantos quantos a contemplem a voz de um Deus que não sabe fazer outra coisa, só amar!

Porém há muito ainda a fazer! Assim como aquele Sumo Sacerdote se despedia dos que lhe eram caros para ir ao pátio do Templo, é necessário que os ministros do Altíssimo tenham coragem de deixar para trás seus pequeninos sonhos e desejos pessoais a fim de abraçar os grandiosos desígnios dAquele que os tem consagrado desde toda a eternidade.

Nosso Deus precisa de amigos mais dispostos a se consumir inteiramente por Sua causa e menos interessados em algumas poucas migalhas de auto-satisfação... Ele tem desejado e procurado adoradores, verdadeiros especialistas em trilhar os corredores secretos de Sua Casa, e tem preparado ao longo dos séculos o momento exato em que os porá em marcha para a mais nobre de todas as batalhas.

Eu não tenho dúvidas de que esta Obra será feita... não tenho dúvidas de que, como havia profetizado João Paulo II, nossa Arte vai assombrar por sua santidade esse mundo corrompido em que vivemos atualmente, não tenho dúvidas de que um exército só é erguido se há um combate a ser enfrentado e também não tenho dúvidas de que nossas vidas estarão em jogo por causa do Nome de Jesus.

Só o que nos resta saber é quem será capaz de escutar esses tambores rufando por trás das montanhas e quem poderá distinguir o toque da trombeta de nosso Deus nos convocando imperiosamente para combater a seu lado... porquê Sua Voz poderosa continua sempre a soar num eterno desafio:

“E não dizeis vós que ainda há quatro meses e vem a colheita”?
Eu, porém vos digo: levantai os vossos olhos e vede os campos,
porque já estão brancos para a ceifa.”
[6]


João Valter Ferreira Filho
Teresina, 15 de outubro de 2005.
Festa de Santa Tereza de Ávila
[1] O “Dia da Expiação” se encontra descrito de maneira geral em Lev. 16. Entretanto alguns detalhes que apresento aqui dizem respeito ao ritual tal qual era executado no Templo de Salomão, já alguns séculos depois de Moisés, conforme detalhado pelo teólogo T. Tenney em seu livro “The God´s Favorite House”, ainda sem versão em português.
[2] Cf. Ex 33, quando Moisés pediu para “ver a glória de Deus”. Também em Lv. 16,2 o próprio Deus tinha explicado a Moisés que, mesmo o Sumo Sacerdote “poderia morrer ao adentrar o Santo dos Santos”.
[3] Cf. Ap. 3,5. 4,4. Mas especialmente Ap. 7,9 -14.
[4] Esse véu não era como os que conhecemos em nossos dias, que geralmente são transparentes e fininhos. O véu do Templo, conforme a prescrição contida em Ex. 26,31, era tecido em várias camadas de fios de linho retorcido, o que resultava em algo bastante espesso.
[5] Cf. Hb. 9
[6]Jo. 4,35