terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Voltando pra casa...


Depois desse trabalho feito
Depois da obra terminada
Depois que toda essa vontade
Fica desacorrentada
Depois de ter o bom combate
Depois de dar o xeque-mate
Depois que a avidez se acaba
E o cansaço nos abate
Restará depois da chuva forte
A vontade de voltar pra casa
Pra sentir aquela luz
Que eu trouxe aqui
Dessa luz que nunca é só minha
Que podia bem brilhar sozinha
Mas prefere a velaDesse coração mortal
Restará depois da chuva forte
Os pedaços das palavras doces
Semeados no fundo
De cada coração
Restarão também canções perdidas
Nos olhares dessa despedida
E os excessos de nós mesmos
Pelo chão
Leva minha canção
Leva bem guardado assim no peito
Pedaço a pedaço dessa luz
Leva meu coração
Que depois da chuva se renova
De novo a serviço do Senhor
(Maninho; Ao fim da chuva)


Essa música de Maninho retrata bem a relidade de um Ministro de Música após a missão.

Devemos todos ter essa consciência do nosso papel...Que Deus nos faça entender! Amém...(Giseli)

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Recomeço...


É indescritível a expressão do Teu olhar quando volto de longe, arrependido, encabrunhado por não ter te ouvido e sem coragem de levantar o rosto e Te pedir desculpas mais uma vez.Venho meio desconcertado, ainda limpando a poeira da queda, com aquela sensação de que irei ouvir um “eu não te disse?”, ou um “bem que Eu te avisei”.

Mas todo cenário do julgamento se desfaz quando chego bem perto, olho para Ti e mostro as minhas mãos machucadas... Teu olhar ainda é o mesmo de quando Te conheci. Tuas mãos me esperam com o mesmo entusiasmo do nosso primeiro encontro. E a alegria que demonstras ao me ver voltar me dá novamente aquela vontade de nunca mais sair de perto de Ti. Por algum momento não sei se és um Deus que age como Pai, ou um Pai que age como um Deus, pois a humanidade do Teu abraço é que me faz forte novamente e a divindade do Teu Espírito me impulsiona a continuar. (Giseli)

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

FORMAÇÃO - POR NETO

CAPÍTULO VII
- DA UNÇÃO PARA A GLÓRIA -

Entretanto é preciso que nós percebamos que a unção não é tudo na Obra de Deus! Como vimos, ela é apenas o começo da Obra, é somente a ferramenta para que o trabalho seja feito!

Deus jamais unge alguém apenas para que ele fique "curtindo a onda do poder" ou narcisisticamente se auto-contemplando e auto-congratulando pelas maravilhas experimentadas. Toda unção existe em função de uma missão, e a perda do senso desta segunda implicará inevitavelmente no desperdício da primeira!

Assim como partir para o trabalho sem lançar mão da poderosa unção do Espírito Santo seria pôr toda a obra a perder por excesso de disponibilidade e falta de capacitação espiritual, permanecer sentado nas confortáveis almofadas da tenda da unção e não levantar os olhos para a messe do Senhor seria o equivalente a ligar o motor de um carro e não levá-lo a lugar algum. Você pode até fazer barulho, mas apenas estará gastando todo o seu tempo e o de quem tiver decidido "embarcar" com você nessa viagem.

Mas não é só esse o problema, a má notícia é que o combustível estará sendo gasto também, e um dia ele acaba. Aliás, no caso da unção ela não "acaba" de verdade, mas “volta a descer para o fundo da xícara”.

Muitos ministros e até ministérios inteiros perdem sua identidade pelo simples fato de ficarem girando e girando em torno da unção que receberam sem, no entanto, abrirem os olhos para as verdadeiras intenções de Deus. Eles esperam para só "dar tudo de si" quando forem servir em grandes encontros e deixam para "fazer o melhor" somente no lançamento de seus cds ou naquele show transmitido pela tv. Permanecem anos "esquentando os motores", e, muito embora façam barulho e propaganda como se estivessem em plena corrida, na realidade estão apenas "contemplando o próprio umbigo".

Analisando as coisas por este prisma vamos entendendo por quê encontramos tantos ministérios de música, teatro e dança cansados já de uma caminhada muitas vezes até sem fruto nenhum. Coordenadores e lideranças chegam até mim perplexos querendo compreender: “como é que esse povo se diz tão cansado se não realizou nada ainda? ”

Mas a resposta é até bem simples: é que esperar no carro com o motor ligado durante dez minutos cansa muito mais do que dirigir uma hora em uma boa avenida a caminho de casa! Quem já permaneceu durante algumas horas esperando a esposa no estacionamento do supermercado enquanto ela fazia umas “comprinhas rápidas” sabe do que estou falando!

A unção nos é dada para ser utilizada... e “não exercê-la” vai gerar uma estagnação tão opressora que acabará em morte!

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

SÓ DÊ OUVIDOS A QUEM TE AMA...

Depois de passar por todo período de inverno que passamos, hoje eu enxergo o ministério nesse texto. E tenho que dar o braço a torcer: o inverno ainda não passou. Mas, ainda assim, há indícios de primavera! Tem gente querendo impedir o desabrochar das flores. Mas não tem jeito: Deus é o agricultor maior, dono dos jardins. É Ele quem decide a hora exata de florir. Esse texto do Pe. Fábio vai para os membros do ministério Maranatha, em especial. Creio que este já foi lido e ruminado pela maioria, senão por todos; mas nunca é demais rever essa obra-prima de cabeceira. Puxa! A verdade que nos salva é essa: ainda bem que nossa salvação depende de Deus e não do que as pessoas acham da gente! Paz e bem!



Marianne




"Só dê ouvidos a quem te ama. Outras opiniões, se não fundamentadas no amor, podem representar perigo. Tem gente que vive dando palpite na vida dos outros. O faz porque não é capaz de viver bem a sua própria vida. É especialista em receitas mágicas de felicidade, de realização, mas quando precisa fazer a receita dar certo na sua própria história, fracassa. Tem gente que gosta de fazer da vida alheia à pauta principal de seus assuntos. Tem solução para todos os problemas da humanidade, menos para os seus. Dá conselhos, propõe soluções, articula, multiplica, subtrai, faz de tudo para que o outro faça o que ele quer. Só dê ouvidos a quem te ama, repito. Cuidado com as acusações de quem não te conhece. Não coloque sua atenção em frases que te acusam injustamente. Há muitos que vão feridos pela vida porque não souberam esquecer os insultos maldosos. Prenderam a atenção nas palavras agressivas e acreditaram no conteúdo mentiroso delas.Há muitos que carregam o fardo permanente da irrealização porque não se tornaram capazes de esquecer a palavra maldita, o insulto agressor. Por isso repito: só dê ouvidos a quem te ama. Não se ocupe demais com as opiniões de pessoas estranhas. Só a cumplicidade e conhecimento mútuo pode autorizar alguém a dizer alguma coisa a respeito do outro.Ando pensando no poder das palavras. Há palavras que bendizem, outras que maldizem. Descubro cada vez mais que Jesus era especialista em palavras benditas. Quero ser também. Além de bendizer com a palavra, Ele também era capaz de fazer esquecer a palavra que amaldiçoou. Evangelizar consiste em fazer o outro esquecer o que nele não presta, e que a palavra maldita insiste em lembrar. Quero viver para fazer esquecer... Queira também. Nem sempre eu consigo, mas eu não desisto. Não desista também. Há mais beleza em construir que destruir.Repito: só dê ouvidos a quem te ama. Tudo mais é palavra perdida, sem alvo e sem motivo santo. Só mais uma coisa. Não te preocupes tanto com o que acham de ti. Quem geralmente acha não achou nem sabe ver a beleza dos avessos que nem sempre tu revelas. O que te salva não é o que os outros andam achando... mas é o que Deus sabe a teu respeito."



Pe. Fábio de Melo

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

FORMAÇÃO

Olá irmão e irmãs no Senhor Jesus!!!
Estou c esse materia de formação da RCC com o titulo "arte e poder' e estarei dispondo aqui no blog uma vez por semana,assim dá tempo pra todos estudarem.É pequeno,porém com grande intenssidade...Deus nos abençoe

PRÓLOGO
Ao entardecer, quando o sol já iniciava seu movimento para se esconder por trás das colinas, o Sumo Sacerdote reunia toda a família na sala de sua casa e iniciava um dos rituais mais dramáticos da religião de Moisés[1].

Paramentado com suas vestes mais solenes e com uma expressão grave no rosto ele olhava nos olhos de cada filho e cada filha e dizia com profundo respeito na voz:

“Meu filho, minha filha, o Senhor está me chamando, eu não sei se volto para vocês”.

Com os olhos fitos em sua esposa e segurando suas mãos, pronunciava as mesmas palavras cheias de temor e mistério. Em seguida dava as costas para todas as coisas mais importantes de sua vida e se dirigia ao pátio interno do Grande Templo de Salomão, onde os seus irmãos no sacerdócio o aguardavam para uma longa noite de vigília e orações.

Isso acontecia uma vez por ano, por ocasião da grande adoração junto aos tabernáculos do Senhor. Era somente neste dia que o Sumo Sacerdote tinha a missão de ultrapassar o véu do templo e oficiar as orações de todo o povo na presença do próprio Santo dos Santos. A convicção de que o poder do Altíssimo de fato residia ali naquele altar era tão forte que a antiga tradição prescrevia essa despedida solene das coisas do mundo, pois a simples contemplação da glória do Senhor poderia acabar com a vida de qualquer mortal que com ela entrasse em contato.
[2]

Durante toda a noite os demais sacerdotes do templo fariam um rigoroso revezamento na leitura das Escrituras, enquanto o Sumo Sacerdote apenas escutaria atentamente, orando em seu interior para que Iaweh mantivesse puro o seu coração.

Com o despertar da aurora, aos primeiros raios de sol, o Sumo Sacerdote erguia-se silenciosamente e se desfazia de suas vestes solenes, permanecendo apenas com uma túnica virgem de linho branco, o símbolo dos puros de coração.
[3] Era trazido, então, um cordeiro primogênito perfeito, sem mancha alguma, e o sacerdote, fazendo uso de uma adaga cerimonial, sangrava o animal sobre o altar dos sacrifícios, ainda no pátio exterior do Templo. A carne no cordeiro era queimada enquanto o Sumo Sacerdote se aspergia com seu sangue. Esse era o momento mais importante do ritual de admissão.

Se nenhum ser vivo poderia contemplar a glória de Deus e permanecer intacto, então o homem “se revestia” da morte do cordeiro, obtendo, por meio do sacrifício de sangue, permissão para entrar na Presença do Senhor!


Marcado pelo sangue do cordeiro sem mancha, o Sumo Sacerdote se dirigia às Portas Sagradas do Templo, percorria o grande salão totalmente revestido de ouro em direção aos seus átrios e parava defronte ao grande véu
[4] do Santo dos Santos, onde repousavam as Tábuas da Lei, a própria Voz de Deus. Após um longo período de incensação e orações, ele finalmente adentrava na presença do Santíssimo, onde permaneceria na mais completa adoração durante todo o dia, até o cair da tarde.

* * *

A Carta de São Paulo aos Hebreus
[5] resgata todo esse ritual do Antigo Testamento para nos fazer ver que tudo aquilo era uma prefiguração da Obra Perfeita de Salvação que Deus havia planejado desde o princípio dos tempos e que levaria a cabo por meio da morte sangrenta de seu próprio filho Jesus.

De fato, o Evangelho de Mateus nos lembra que, quando o Senhor expirou naquela cruz de madeira, um verdadeiro altar de holocausto, naquele exato momento o mesmo véu de linho retorcido do Templo rasgou-se de alto a baixo de uma só vez. Jesus, o Cordeiro Definitivo imolado por nossa causa, derramou até a última gota de seu precioso Sangue para que o ritual simbólico do Antigo Testamento fosse transformado de uma vez por todas na mais poderosa realidade do universo: Deus nos quer em Sua Casa!

Desde então já não é apenas um Sumo Sacerdote que pode ultrapassar o véu do Santo dos Santos para passar apenas um dia ao lado do Senhor. O véu partido nos prova que, se verdadeiramente banhados no Sangue do Cordeiro, somos todos admitidos em Sua Casa, somos todos convidados à Sua Presença, não para permanecer apenas um dia, mas durante toda a nossa vida e até os confins dos tempos.

* * *

Mas se é tudo assim tão maravilhoso, por quê tantas pessoas ainda vivem distantes de Deus ou recorrendo a “outros sacerdócios” para se sentirem um pouco mais próximas a “algo maior”?

A resposta é ao mesmo tempo simples e desafiadora:
a messe precisa de operários.
Os filhos de Deus precisam de sinais e de guias em seu caminho rumo ao Santo dos Santos!

* * *

Nessas páginas veremos que Deus está em ação. Ele constituiu para Si uma Arte Sagrada e escolheu dentre muitos os Seus ministros, pecadores comuns, mas que mergulhados agora em Sua Misericórdia infinita, são convocados a assumir o sacerdócio da beleza divina para que Seu povo seja introduzido de uma vez por todas nos aposentos reais de seu Senhor.

São cantores, compositores, instrumentistas, dançarinos, atores, escritores, pintores, desenhistas... artistas, enfim, que, revestidos de ornamentos sagrados e com força de profecia em sua Arte, receberam a maravilhosa missão de assombrar a humanidade com uma beleza nova e poderosa, uma beleza que arde nas chamas do próprio Espírito Santo e que insiste em fazer ressoar aos ouvidos de tantos quantos a contemplem a voz de um Deus que não sabe fazer outra coisa, só amar!

Porém há muito ainda a fazer! Assim como aquele Sumo Sacerdote se despedia dos que lhe eram caros para ir ao pátio do Templo, é necessário que os ministros do Altíssimo tenham coragem de deixar para trás seus pequeninos sonhos e desejos pessoais a fim de abraçar os grandiosos desígnios dAquele que os tem consagrado desde toda a eternidade.

Nosso Deus precisa de amigos mais dispostos a se consumir inteiramente por Sua causa e menos interessados em algumas poucas migalhas de auto-satisfação... Ele tem desejado e procurado adoradores, verdadeiros especialistas em trilhar os corredores secretos de Sua Casa, e tem preparado ao longo dos séculos o momento exato em que os porá em marcha para a mais nobre de todas as batalhas.

Eu não tenho dúvidas de que esta Obra será feita... não tenho dúvidas de que, como havia profetizado João Paulo II, nossa Arte vai assombrar por sua santidade esse mundo corrompido em que vivemos atualmente, não tenho dúvidas de que um exército só é erguido se há um combate a ser enfrentado e também não tenho dúvidas de que nossas vidas estarão em jogo por causa do Nome de Jesus.

Só o que nos resta saber é quem será capaz de escutar esses tambores rufando por trás das montanhas e quem poderá distinguir o toque da trombeta de nosso Deus nos convocando imperiosamente para combater a seu lado... porquê Sua Voz poderosa continua sempre a soar num eterno desafio:

“E não dizeis vós que ainda há quatro meses e vem a colheita”?
Eu, porém vos digo: levantai os vossos olhos e vede os campos,
porque já estão brancos para a ceifa.”
[6]


João Valter Ferreira Filho
Teresina, 15 de outubro de 2005.
Festa de Santa Tereza de Ávila
[1] O “Dia da Expiação” se encontra descrito de maneira geral em Lev. 16. Entretanto alguns detalhes que apresento aqui dizem respeito ao ritual tal qual era executado no Templo de Salomão, já alguns séculos depois de Moisés, conforme detalhado pelo teólogo T. Tenney em seu livro “The God´s Favorite House”, ainda sem versão em português.
[2] Cf. Ex 33, quando Moisés pediu para “ver a glória de Deus”. Também em Lv. 16,2 o próprio Deus tinha explicado a Moisés que, mesmo o Sumo Sacerdote “poderia morrer ao adentrar o Santo dos Santos”.
[3] Cf. Ap. 3,5. 4,4. Mas especialmente Ap. 7,9 -14.
[4] Esse véu não era como os que conhecemos em nossos dias, que geralmente são transparentes e fininhos. O véu do Templo, conforme a prescrição contida em Ex. 26,31, era tecido em várias camadas de fios de linho retorcido, o que resultava em algo bastante espesso.
[5] Cf. Hb. 9
[6]Jo. 4,35

domingo, 23 de setembro de 2007

Do aprendiz de poeta aos artistas cristãos


Hoje, não quero me dirigir somente aos músicos, mas a todos os artistas cristãos. Aos poetas, aos compositores e autores, a atrizes e atores, a pintores e professores e a tantos que exercem o dom da arte dada por Deus. Quero me dirigir ao artista que mora dentro de ti. Mesmo que nem você ainda tenha notado isso e deixado aflorar esse dom!Que a tua arte sirva para fazer o ser humano enxergar humildemente o amor disfarçado em música e vestido de poesia e tantas outras artes. Que cada frase das tuas canções se torne uma fotografia.Que bastem duas palavras em uma canção para nascer uma cena de perdão e misericórdia na mente e no coração dos filhos e filhas de Deus.Que os poetas ensinem. Que os aprendizes queiram aprender ardentemente.


Tenho certeza que dentro de ti, meu irmão e irmã, encontra-se o poder que Deus te destinou para ser transformado em grandes palavras, melodias, ensinos, obras, enfim, em grandes feitos para a humanidade, exatamente como o sol que fornece vida às flores perfumadas do campo.Não há música católica no mundo como a música católica do Brasil. Permite que eu te chame assim então: Meu amigo representante da arte celestial. Alegre-se, pois tu representas a boca da justiça e o livro da vida.Contente-se, pois tu és a fonte da virtude para os que a buscam. Em marcha, pois Deus te constituiu para ser o pilar da integridade para aqueles que te seguem. E se acaso a desgraça te derrotou algumas vezes, saiba que ela é a mesma força que ilumina teu coração e faz elevar tua alma do fosso da zombaria ao trono da admiração.


Meu querido artista de Deus: Que tuas canções sejam o amanhecer, entre o adormecimento e o despertar. Que a tua mais triste canção tenha o poder de suavizar nossos sentimentos.Que a tua mais alegre canção tenha o poder de cicatrizar nossos corações feridos.Que tua arte nos faça lembrar sempre, que a Divindade é a parte verdadeira do homem. Não pode ser vendida a peso de ouro; nem pode ser acumulada como são as riquezas do mundo de hoje.Que tua arte tão rica e tão simples alerte tantos jovens que se esqueceram de seu Deus e buscam apenas auto-absolvição e prazer. E se alguma vez chorou, meu artista amigo, saiba que as lágrimas que verteu, têm mais pureza que o riso estrondoso daquele que se mostra forte e intocável. tuas lágrimas contêm a doçura que não há na ironia do sardônico. Que as tuas lágrimas limpem o coração da morbidez do ódio e ensinem o homem a participar da dor dos desvalidos. Suas lágrimas são as lágrimas do nazareno! Rezo para que toda a tua arte, todo o teu ensinamento e todo o teu viver já se torne hoje um profundo aprendizado para todos nós. E as gerações futuras aprenderão da riqueza deixada por ti em forma de poesia, arte e vida que a tristeza e a pobreza são nada mais, nada menos que uma profunda lição de amor e igualdade.


A tua melodia tem que ter o poder de tirar o ser humano da mesmice! A tua harmonia e poesia têm de levar o homem a participar dos salmos de glória e da sabedoria eterna.Tua arte tem de levar a alma a buscar o significado do mistério que o céu contém.Quando compuser, amigo poeta, busque saber o que cantam os pássaros e o que sussurram os riachos. E que em tua arte esteja contido o murmurar das ondas que, vagarosa e suavemente, beijam as praias.A ti eu imploro: Nos impressione mostrando em tua arte que tu compreendes o que diz a chuva quando ela cai sobre as folhas das árvores. Que teus ouvidos de artista possam ouvir o que a brisa confessa às flores do campo.Que tuas letras, músicos cristãos, nos descrevam o que a alma e a natureza conversam entre si!Ao meu ver, somente os artistas de Deus possuem o dom de transformar em canção o que a Sabedoria Eterna fala numa linguagem tão misteriosa.Tua poesia não pode ser uma poesia qualquer; ela tem de ser filha da alma e do amor!Nenhum poeta descreve melhor o sonho do coração humano como o poeta cristão. Que tu sejas o inspirador de poetas, de compositores e dos grandes realizadores.Faça com que a arte sacra seja vinho do coração e que nos faça regozijar num mundo de sonhos.Que tua obra encoraje guerreiros e fortaleça as almas. Que o teu viver mostre ao mundo que existe um mar de perdão e de ternura em que podemos mergulhar.Que tuas melodias nos revelem que existe um lugar onde podemos descansar nossos corações e almas.E aos músicos em particular em peço: Que tua música nos ensine a ver com os ouvidos e a ouvir com os corações.


Do eterno aprendiz de poeta

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

POR QUE VOCÊ NÃO PÁRA DE IR À IGREJA?


Quem nunca se deparou com esta frase? Quem não enfrentou este questionamento na faculdade, no trabalho ou na própria família? Qual jovem já não foi tentado com esta pergunta? E eu te pergunto também: “por que você não parou de ir à Igreja”?
Após alguns anos de caminhada é bom que todos nós nos questionemos realmente o porquê não paramos de ainda de ir à Igreja. Essa resposta existe e está com Deus dentro de nós.
Não paramos porque Deus não quis. Ele segurou. Ele fortaleceu nossa fraqueza. Deus nos sustentou e nos alimentou.
Lembra daquelas situações tristes da caminhada, das quais ninguém te entendia, ninguém percebia o que você estava passando? Lembra das vezes em que você foi desprezado ou mandado embora do lugar que você mais amava? Diante destas situações, era pra você ter largado tudo. Mandado tudo “para o espaço”. E por que você não fez? Por que não largou tudo na hora que seu grupo de oração, que sua comunidade, sua paróquia , ou até mesmo você estava em crise?
A resposta está no sol, na lua, nas estrelas, na terra. Por que o sol não despenca? Por que a terra se move e não cai? Porque tudo tem uma ordem e um sustento. A ordem é a fidelidade que todo ser humano traz em si e o sustento é este eixo invisível chamado Vontade de Deus.
A fidelidade associada à vontade de Deus supera todas as dificuldades dos anos de caminhada e nos lança sempre numa perspectiva de futuro. O Santo Padre João Paulo II dava a isto o nome de “sinergia”, ou seja, o nosso esforço pessoal somado a Dom de Deus. A fidelidade é um Dom. Ela é de Deus, mas o querer é nosso. Deus não nos violenta. E por isso não nos obriga a caminhar.
Mas, e quem realmente parou de caminhar... era vontade de Deus? Não. Com certeza parar de caminhar não é vontade de Deus e sim do próprio ser humano. Quem pára de caminhar é porque na verdade nunca descobriu o verdadeiro Caminho. Contudo, a vontade de Deus também é volta. Se vale a pena permanecer fiel quanto mais voltar à fidelidade.
O ser humano em sua composição foi formado com fidelidade e esta fidelidade libera com mais facilidade vontade de Deus.
Por que eu não parei de ir à Igreja? Porque Deus não quis e este acesso Ele conseguiu através da minha fidelidade.
Fidelidade é milagre.


Silvinho Zabisky - Fundador da comunidade BEATITUDES DO CORAÇÃO DE JESUS

domingo, 16 de setembro de 2007

O outono nosso de cada dia...


Certa vez, sabiamente, Pe. Fábio comparou nossa vida a um ano cronólogico, com suas 4 estações. E nos fez perceber que nunca pode ser verão o ano inteiro, e tampouco inverno para sempre... Há muito há se retirar dessa analogia...Durante o outono há uma preparação silenciosa dos vegetais a fim de suportar o que virá; as folhas ficam amarelas e caem. É uma linda estratégia de sobrevivência e de reconhecimento da sua fragilidade diante do momento que está por vir. Ao perceber a aproximação do tempo frio e da baixa luminosidade, os vegetais iniciam a produção de um hormônio, que deflagra o cair das folhas, a fim de reduzir o metabolismo durante o inverno, para que eles consigam suportar a situação adversa. Eles transferem toda energia armazenada das folhas para o caule, até que a primavera chegue, por isso as folhas caem. Sem folhas para fotossintetizar, o gasto de energia é menor, e assim dá para atravessar o inverno sem problemas. Com a queda das folhas, ela fica com um aspecto de morta. Mas, por dentro, existe uma reserva de energia muito grande, na forma de nutrientes. O metabolismo diminui, mas nunca cessa. Apesar do inverno frio que se aproxima, ela não desiste, ela decide sobreviver, apesar de saber que atravessará invernos todos os anos, uns mais rigorosos que outros... mas permanece em pé. Interessantemente, esse mesmo hormônio, que permite o cair das folhas é responsável pelo amadurecimento dos frutos, na época da frutificação...Entretanto, apesar do frio, da neve, existe beleza nessa estação... as folhas amareladas e marrons espalhadas pelo chão... e a certeza de que depois do inverno, vem SEMPRE uma primavera, estação cheia de flores e alegria.É preciso adaptar-se às estações da vida, à mutabilidade dos eventos que se sucedem durante o período de nossa existência. Aos olhos espirituais, cada estação é oportunidade de exercitar as virtudes que tanto anseiamos. Paciência, humildade, sabedoria, discernimento, amor... as provas são necessárias, assim como no esporte e no colégio.
Pe. Fábio diz sempre que é necessário reconciliar os contrários da nossa vida. Reconciliar os contrários é fazer dos nossos invernos, adversidades, problemas, dores, degraus para crescer na fé... durante esses períodos é comum a queda, o desânimo, o desespero, talvez. Mas, diante disso é preciso recomeçar, sempre, mesmo quando não há mais folhas em nossa árvore, mesmo quando elas estão espalhadas pelo chão, ou mesmo quando o vento frio as levou, não se sabe pra onde. É preciso recomeçar, porque existe um jardineiro maior, que nos regar diariamente, e que não se importa com a queda das nossas folhas, ele até a permite, porque sabe o que está fazendo. Ele se importa sim, com o que há para ser feito na próxima primavera...Que Deus seja nossa força! Paz e bem.. beijos e bençãos!!!

Marianne

Um trecho da Carta do Papa João Paulo II aos artistas- 1999



A todos aqueles que apaixonadamente procuram novas « epifanias » da beleza para oferecê-las ao mundo como criação artística.
« Deus, vendo toda a sua obra, considerou-a muito boa » (Gn 1,31).
O artista, imagem de Deus Criador


1. Ninguém melhor do que vós, artistas, construtores geniais de beleza, pode intuir algo daquele pathos com que Deus, na aurora da criação, contemplou a obra das suas mãos. Infinitas vezes se espelhou um relance daquele sentimento no olhar com que vós — como, aliás, os artistas de todos os tempos —, maravilhados com o arcano poder dos sons e das palavras, das cores e das formas, vos pusestes a admirar a obra nascida do vosso génio artístico, quase sentindo o eco daquele mistério da criação a que Deus, único criador de todas as coisas, de algum modo vos quis associar.
Pareceu-me, por isso, que não havia palavras mais apropriadas do que as do livro do Génesis para começar esta minha Carta para vós, a quem me sinto ligado por experiências dos meus tempos passados e que marcaram indelevelmente a minha vida. Ao escrever-vos, desejo dar continuidade àquele fecundo diálogo da Igreja com os artistas que, em dois mil anos de história, nunca se interrompeu e se prevê ainda rico de futuro no limiar do terceiro milénio.
Na realidade, não se trata de um diálogo ditado apenas por circunstâncias históricas ou motivos utilitários, mas radicado na própria essência tanto da experiência religiosa como da criação artística. A página inicial da Bíblia apresenta-nos Deus quase como o modelo exemplar de toda a pessoa que produz uma obra: no artífice, reflecte-se a sua imagem de Criador. Esta relação é claramente evidenciada na língua polaca, com a semelhança lexical das palavras stwórca (criador) e twórca (artífice).
Qual é a diferença entre « criador » e « artífice »? Quem cria dá o próprio ser, tira algo do nada — ex nihilo sui et subiecti, como se costuma dizer em latim — e isto, em sentido estrito, é um modo de proceder exclusivo do Omnipotente. O artífice, ao contrário, utiliza algo já existente, a que dá forma e significado. Este modo de agir é peculiar do homem enquanto imagem de Deus. Com efeito, depois de ter afirmado que Deus criou o homem e a mulher « à sua imagem » (cf. Gn 1,27), a Bíblia acrescenta que Ele confiou-lhes a tarefa de dominarem a terra (cf. Gn 1,28). Foi no último dia da criação (cf. Gn 1,28-31). Nos dias anteriores, como que marcando o ritmo da evolução cósmica, Javé tinha criado o universo. No final, criou o homem, o fruto mais nobre do seu projecto, a quem submeteu o mundo visível como um campo imenso onde exprimir a sua capacidade inventiva.
Por conseguinte, Deus chamou o homem à existência, dando-lhe a tarefa de ser artífice. Na « criação artística », mais do que em qualquer outra actividade, o homem revela-se como « imagem de Deus », e realiza aquela tarefa, em primeiro lugar plasmando a « matéria » estupenda da sua humanidade e depois exercendo um domínio criativo sobre o universo que o circunda. Com amorosa condescendência, o Artista divino transmite uma centelha da sua sabedoria transcendente ao artista humano, chamando-o a partilhar do seu poder criador. Obviamente é uma participação, que deixa intacta a infinita distância entre o Criador e a criatura, como sublinhava o Cardeal Nicolau Cusano: « A arte criativa, que a alma tem a sorte de albergar, não se identifica com aquela arte por essência que é própria de Deus, mas constitui apenas comunicação e participação dela ».(1)
Por isso, quanto mais consciente está o artista do « dom » que possui, tanto mais se sente impelido a olhar para si mesmo e para a criação inteira com olhos capazes de contemplar e agradecer, elevando a Deus o seu hino de louvor. Só assim é que ele pode compreender-se profundamente a si mesmo e à sua vocação e missão.
(Giseli)